Finalmente, após longa travessia, chegam a Jericó,
última parada antes da subida para Jerusalém. O cego Bartimeu está
sentado à beira da estrada. Não pode participar da procissão que
acompanha Jesus. Mas ele grita, invocando a ajuda de Jesus: "Filho de
Davi! Tem dó de mim!" O grito do pobre incomoda. Os que vão à procissão
tentam abafá-lo. Mas "ele gritava mais ainda!" E Jesus, o que faz? Ele
escuta o grito, para e manda chamá-lo! Os que queriam abafar o grito
incômodo do pobre, agora, a pedido de Jesus, são obrigados a ajudar o
pobre a chegar até Jesus.
Bartimeu larga tudo e vai até Jesus. Não tem muito.
Apenas um manto. Mas era o que tinha para cobrir o seu corpo (cf. Ex
22,25-26). Era a sua segurança, o seu chão! Jesus pergunta: "O que você
quer que eu faça?" Não basta gritar. Tem que saber por que grita!
"Mestre, que eu possa ver novamente!" Bartimeu tinha invocado Jesus com
ideias não inteiramente corretas, pois o título "Filho de Davi" não era
muito bom.
O próprio Jesus o tinha criticado (Mc 12,35-37). Mas
Bartimeu teve mais fé em Jesus do que nas suas ideias sobre Jesus.
Assinou em branco. Não fez exigências como Pedro. Soube entregar sua
vida aceitando Jesus sem impor condições. Jesus lhe disse: "'Tua fé te
curou!' No mesmo instante, o cego recuperou a vista". Largou tudo e
seguiu Jesus no caminho para o Calvário (10,52).
Sua cura é fruto da sua fé em Jesus (Mc 10,46-52).
Curado, Bartimeu segue Jesus e sobe com ele para Jerusalém. Tornou-se
discípulo modelo para Pedro e para todos os que queremos "seguir Jesus
no caminho" em direção a Jerusalém: acreditar mais em Jesus do que nas
nossas ideias sobre Jesus! Nesta decisão de caminhar com Jesus estão a
fonte da coragem e a semente da vitória sobre a cruz. Pois a cruz não é
uma fatalidade, nem uma exigência de Deus. Ela é a consequência do
compromisso assumido com Deus de servir aos irmãos e de recusar o
privilégio.
A fé é uma força que transforma as pessoas
A Boa Nova do Reino anunciada por Jesus era como um
fertilizante. Fazia crescer a semente da vida que estava escondida no
povo, escondida como fogo em brasa debaixo das cinzas das observâncias
sem vida. Jesus soprou nas cinzas e o fogo acendeu, o Reino desabrochou e
o povo se alegrou. A condição era sempre a mesma: crer em Jesus.
A cura de Bartimeu (Mc 10,46-52) esclarece um aspecto
muito importante da longa instrução de Jesus aos discípulos. Bartimeu
tinha invocado Jesus com o título messiânico "Filho de Davi" (Mc 10,47).
Jesus não gostava deste título (Mc 12,35-37). Porém, mesmo invocando
Jesus com ideias não inteiramente corretas, Bartimeu teve fé e foi
curado.
Diferentemente de Pedro (Mc 8,32-33), acreditou mais
em Jesus do que nas ideias que tinha sobre Jesus. Converteu-se, largou
tudo e seguiu Jesus no caminho para o Calvário (Mc 10,52). A compreensão
plena do seguimento de Jesus não se obtém pela instrução teórica, mas
sim pelo compromisso prático, caminhando com ele no caminho do serviço,
desde a Galiléia até Jerusalém.
Quem insiste em manter a ideia de Pedro, isto é, do
Messias glorioso sem a cruz, nada vai entender de Jesus e nunca chegará a
tomar a atitude do verdadeiro discípulo. Quem souber crer em Jesus e
fazer a "entrega de si" (Mc 8,35), aceitar "ser o último" (Mc 9,35),
"beber o cálice e carregar sua cruz" (Mc 10,38), este, como Bartimeu,
mesmo tendo ideias não inteiramente corretas, conseguirá enxergar e
"seguirá Jesus no caminho" (Mc 10,52). Nesta certeza de caminhar com
Jesus estão a fonte da coragem e a semente da vitória sobre a cruz.
Exto extraído do livro ''CAMINHANDO COM JESUS'' - Círculos
Bíblicos do Evangelho de Marcos - Coleção A Palavra na Vida 184/185.
CEBI Publicações.
Obrigado, Deus abençoe
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