Há exatamente 90 anos nascia em Recife (PE) o homem que iria se tornar
um dos pensadores mais importantes da história da pedagogia em todo o
mundo: Paulo Freire (1921-1997). Ele disse que gostaria de ser lembrado
como "alguém que amou o mundo, as pessoas, os bichos, as árvores, a
terra, a água, a vida". Foi reconhecido internacionalmente pela autoria
de uma pedagogia crítica, dialógica e transformadora que assume
compromisso com a libertação dos oprimidos.
Embora seja mais
conhecido pela criação de um método de alfabetização de adultos, Paulo
Freire construiu uma teoria do conhecimento que continua inspirando
pesquisadores dedicados aos estudos de filosofia, comunicação, arte,
física, matemática, biologia, geografia, história, literatura, economia,
medicina, entre outros campos de atuação. Segundo a diretora de Gestão
do Conhecimento do Instituto Paulo Freire, Ângela Antunes, o
reconhecimento dele, fora do campo da pedagogia, demonstra que o seu
pensamento também é transdisciplinar e transversal. "A pedagogia é
essencialmente uma ciência transversal. Desde seus primeiros escritos,
Paulo Freire considerou a escola muito mais do que as quatro paredes da
sala de aula. Ele criou o círculo de cultura como expressão dessa nova
pedagogia que não se reduzia à noção simplista de aula", observa.
O
presidente do Instituto Paulo Freire, Moacir Gadotti, enfatiza que não
se pode entender o pensamento de Paulo Freire descolado de um projeto
social e político. "A força da obra de Paulo Freire também reside na
ideia de que é possível, urgente e necessário mudar a ordem das coisas".
Segundo Gadotti, as teorias e práticas de Paulo Freire também
encantavam pessoas de várias partes do mundo porque "despertavam a
capacidade de sonhar com uma realidade 'mais humana, menos feia e mais
justa', como o próprio Paulo costumava dizer".
Ditadura militar
Considerado
subversivo, Paulo Freire foi preso em 1964 e passou 75 dias em uma
cadeia do quartel de Olinda (PE). Ao saber que ele era professor, um dos
oficiais responsáveis pelo quartel, solicitou que alfabetizasse alguns
recrutas. "Paulo explicou que havia sido preso justamente porque queria
alfabetizar!", lembra Gadotti.
Em 1980, depois de 16 anos de
exílio, Paulo retornou ao Brasil para "reaprender" seu país, como
afirmou na época. Lecionou na Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP) e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Em 1989, tornou-se Secretário de Educação no Município de São Paulo.
Paulo
Freire é autor de muitas obras: Pedagogia do oprimido (1968), Extensão
ou comunicação? (1971), Cartas à Guiné-Bissau (1975), Pedagogia da
esperança (1992), À sombra desta mangueira (1995), entre outras.
Dentre
as homenagens recebidas, Paulo foi agraciado com o título de Doutor
Honoris Causa em 39 universidades no Brasil e no mundo. Dezenas de
instituições o elegeram como "Presidente de Honra" e uma escultura de
pedra com a sua imagem foi esculpida em 1972, em Estocolmo, onde ele é
representado na companhia de Mao Tsé Tung, Pablo Neruda, Ângela Davis,
Sara Lidman e outras pessoas que lutaram contra a opressão. Ao receber
prêmios, medalhas e títulos, ele costumava dizer que essas homenagens o
desafiavam a continuar trabalhando.
Em 1996, lançou seu último
livro, intitulado "Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática
educativa". No ano seguinte, em 2 de maio de 1997, Paulo Freire morreu
de um infarto agudo do miocárdio. A anistia aconteceu 12 anos depois, em
2009, e comoveu as 3 mil pessoas que estavam presentes na cerimônia,
realizada em Brasília.
No contexto dos 90 anos do educador Paulo
Freire, celebrado dia 19 de setembro de 2011, estão sendo realizadas
homenagens e comemorações em todo o mundo. As ações mostram que Paulo
Freire continua vivo por meio do trabalho de mulheres e homens que
reinventam o seu legado e "amam o mundo, as pessoas, os bichos, as
árvores, a terra, a água, a vida".
[Fonte: Instituto Paulo Freire]
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Pedagogia do oprimido
Por Heli Espíndola, Ascom/MinC
Nascido
em 19 de setembro de 1921, em Recife, Paulo Freire (1921-1997)
contestou a forma de aprender e ensinar. Ele foi um pensador
comprometido com a vida. O educador pensava a existência humana a partir
da luta dos oprimidos como camponeses e favelados e dedicou-se a
formular uma pedagogia da liberdade e da emancipação humana. Paulo
Freire acreditava que o professor é um constante aprendiz e que o aluno é
um sujeito ativo e participativo do processo de aprendizagem.
O
pedagogo disse que gostaria de ser lembrado como "alguém que amou o
mundo, as pessoas, os bichos, as árvores, a terra, a água, a vida".
Embora seja mais conhecido pela criação de um método de alfabetização de
adultos, Paulo Freire construiu uma teoria do conhecimento que continua
inspirando pesquisadores dedicados aos estudos de filosofia,
comunicação, arte, física, matemática, biologia, geografia, história,
literatura, economia, medicina, entre outros campos de atuação.
[Fonte: Ministério da Cultura, Brasil]
Por Angélica Ramacciotti
Instituto Paulo Freire