Marx
fez uma crítica radical ao idealismo hegeliano, na qual afirma que Hegel
inverte a relação entre o que é determinante – a realidade material – e
o que é determinado – as representações e conceitos acerca dessa
realidade. A filosofia idealista seria, assim, uma grande mistificação
que pretende entender o mundo real, concreto, como manifestação de uma
razão absoluta.
Marx
procurou compreender a história real dos seres humanos em sociedade a
partir das condições materiais nas quais eles vivem. Essa visão da
história foi chamada de materialismo histórico. Para
Marx não existe o indivíduo formado fora das relações sociais, como o
querem Hegel, Feuerbach, Schopenhauer, Kierkegaard e outros tantos. Para
ele “A essência humana é o conjunto das relações sociais”, o que
significa que a forma como os indivíduos se comportam, agem, sentem, e
pensam vincula-se à forma como se dão as relações sociais. Essas
relações sociais, por seu lado, são determinadas pela forma de produção
da vida material, ou seja, pela maneira como os seres humanos trabalham e
produzem os meios necessários para a sustentação material das
sociedades.
A
forma como os homens produzem esses meios depende em primeiro lugar da
natureza, isto é, dos meios de existência já elaborados e que lhes é
necessário reproduzir;[1]
Ao falar da produção material da vida, Marx
não se refere apenas à produção das inúmeras coisas necessárias à
manutenção físicas dos indivíduos, considera o fato de que, ao
produzirem todas essas coisas, os seres humanos constroem a si mesmos
como indivíduos. Isso ocorre porque, “o modo de produção da vida
material condiciona o processo geral de vida social, política e
espiritual”[2]. Marx reconhece o trabalho
como atividade fundamental do ser humano e analisa os fatores que o
tornaram uma atividade massacrante e alienada no capitalismo. Marx
pretende expor a lógica do modo de produção capitalista, em que a força
de trabalho é transformada em uma mercadoria com dupla face: de um lado,
é uma mercadoria como outra qualquer, paga pelo salário; de outro, é a
única mercadoria que produz valor, ou seja, que reproduz o capital.
Marx
também entende o desenvolvimento histórico-social como decorrente das
transformações ocorridas no modo de produção. Nessa análise, ele se vale
dos princípios da dialética, mas garante que seu “método dialético não só difere do hegeliano, mas é também sua antítese direta”[3]. Na concepção hegeliana, a
dialética torna-se instrumento de legitimação da realidade existente.
No pensamento de Marx, a dialética leva ao entendimento da possibilidade
de negação dessa realidade “porque apreende cada forma existente no
fluxo do movimento, portanto também com seu lado transitório”. Ou seja, a
dialética em Marx permite compreender a história em seu movimento, em
que cada etapa é vista não como algo estático e definitivo, mas como
algo transitório, que pode ser transformado pela ação humana. De acordo
com Marx, a história é feita pelos seres humanos, que interferem no
processo histórico e podem, dessa forma, transformar a realidade social,
sobretudo se alterarem seu modo de produção.
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