sábado, 31 de dezembro de 2011

Graça dentro da graça - Leonardo Boff

Profunda harmonia!
Deus não estava distante,
Distante de modo nenhum!
Os sons em sinfonia
Faziam tudo ficar um.
Uma força pura e constante
Ligava cada ser, um a um.
Deus era o Eu mais profundo
que carregava meu eu consciente.
Ele me tomava pela raiz, pelo fundo,
Unindo meu coração, corpo e mente.
Sentir que não há um fora!
Viver intensa e plenamente
Cada momento, aqui e agora!
Essa situação não era a graça?
A presença suprema do Ser
Que tudo une e enlaça?
Agora posso sentir e ver:
O vinho precioso e a taça
eram um único Ser:
Graça dentro da graça!

Ele suscita em nós um amor redobrado a tudo o que existe e vive. E quando nos sentinos prostrados, sem vontade de viver e de estar com os outros, Ele nos convida: "Vem à minha casa e repousa, refaz as forças e experimenta como é suave o meu amor."

(Do livro O Senhor é meu pastor: consolo divino para o desamparo humano. Ed. Sexatante, p. 142-143)

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

A visita do anjo aos pastores - Paz aos Excluídos! (Lc 2,1-20) - Mesters e Lopes

1. SITUANDO
O motivo que levou José e Maria a viajar para Belém foi o recenseamento decretado pelo imperador de Roma (Lc 2,1-7). Periodicamente, as autoridades romanas decretavam tais recenseamentos nas várias regiões do seu imenso império. Era para recadastrar a população e saber quanto cada pessoa tinha que pagar de imposto. Os ricos pagavam imposto sobre a terra e sobre os bens que possuíam. Os pobres pagavam pelo número de filhos. Às vezes, o imposto total chegava a mais de 50% dos rendimentos da pessoa.
Há uma diferença significativa entre o nascimento de Jesus e o nascimento de João. João nasce em casa, na sua terra, no meio dos parentes e vizinhos e é acolhido por todos (Lc 1,57-58). Jesus nasce desconhecido, fora de sua terra, no meio dos pobres, fora do ambiente da família e da vizinhança. "Não havia lugar para ele na hospedaria". Teve que ser deitado numa manjedoura.

2. COMENTANDO
2.1 Lucas 2,8-9: Os primeiros convidados
Os pastores eram pessoas marginalizadas, pouco apreciadas. Viviam junto com os animais, separados do convívio humano. Por causa do contato permanente com os animais eram considerados impuros. Ninguém jamais os convidava para vir visitar um recém-nascido. É a estes pastores que aparece o anjo do Senhor para transmitir a grande notícia do nascimento de Jesus. Diante da aparição dos anjos, eles ficam com medo.

2.2 Lucas 2,10-12: O primeiro anúncio da boa-nova
A primeira palavra do anjo é: "Não tenham medo!" A segunda é: "Alegria para todo o povo!" A terceira é: "Hoje!" Em seguida, vêm três nomes para identificar quem é Jesus: Salvador, Cristo e Senhor! SALVADOR é aquele que liberta todos de tudo que os amarra! Os governantes daquele tempo gostavam de usar o título de Salvador (Soter). CRISTO significa ungido ou messias. Era um título dado aos reis e aos profetas. Era também o título do futuro libertador. Significa que esse menino recém-nascido veio realizar as esperanças do povo. SENHOR era o nome que se dava ao próprio Deus! São os três maiores títulos que se possa imaginar. A partir deste anúncio do nascimento de Jesus como Salvador, Cristo e Senhor, você imagina alguém da mais alta categoria. E o anjo lhe diz: "Atenção! Tem um sinal! Você vai encontrar um menino deitado num barraco no meio dos pobres!" Você acreditaria? O jeito de Deus é diferente mesmo!

2.3 Lucas 2,13-14: Glória no mundo de cima, Paz no mundo de baixo
Uma multidão de anjos aparece e desce do céu. É o céu desabando sobre a terra. As duas frases do refrão que eles cantam dão o resumo do que Deus quer com o seu projeto. A primeira diz o que acontece no mundo lá de cima: "Glória a Deus nas alturas". A segunda diz o que vai acontecer no mundo cá de baixo: "Paz na terra aos seres humanos por ele amados". Se a gente pudesse experimentar o que significa realmente ser amado por Deus, então tudo mudaria e a paz viria morar na terra. E isto seria a maior glória para Deus que mora nas alturas.

2.4 Lucas 2,15-20: A palavra vai sendo acolhida e encarnada
A Palavra de Deus não é apenas um som que a boca produz. Ela é, sobretudo, um acontecimento! Os pastores dizem, literalmente: "Vamos ver esta palavra que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer!" Em seguida, Lucas diz que "Maria conservava estas palavras (acontecimentos) em seu coração" e as ruminava. São duas maneiras de se perceber  e acolher a Palavra de Deus: 1) Os pastores se levantam para ir ver os fatos e verificar neles o sinal que foi dado pelo anjo; 2) Maria conserva os fatos na memória e as confere no coração. Ou seja, ela conhece a Bíblia e tenta entender os fatos novos iluminando-os com a luz da Palavra de Deus.

3. ALARGANDO
Novamente, ao longo da descrição do nascimento de Jesus, Lucas sugere que as profecias se realizaram! Eis algumas delas:
  • Apareceu a luz das nações, anunciada por Isaías! (Is 9,1; 42,6; 49,6).
  • Nasceu o menino, prometido pelo mesmo profeta (Is 9,5; 7,14).
  • O menino que devia nascer para dar alegria ao povo e trazer a salvação de Deus (Is 9,2).
  • Ele nasceu em Belém. Por isso é o Messias prometido, conforme anunciou Miquéias (Mq 5,1).
  • Chegou o tempo da paz anunciada por Isaías, em que animais e seres humanos vão se reconciliar e farão desaparecer da terra toda a violência assassina (Is 11,6-9).
O imperador romano pensava ser o dono do mundo. Na realidade, ele não passava de um empregado. Sem saber e sem querer, ele executava os planos de Deus, pois o decreto imperial fez com que Jesus pudesse nascer em Belém e realizar a profecia (Lc 2,1-7).
O que chama a atenção neste texto são os contrastes:
  • Na escuridão da noite brilho uma luz (2,8-9)
  • O mundo lá de cima, o céu, parece desabar e envolver  nosso mundo cá de baixo (2, 13).
  • A grandeza de Deus se manifesta na fraqueza de uma criança (2,7)
  • A glória de Deus se faz presente numa manjedoura de animais (2,16)
  • O medo provocado pela repentina aparição do anjo dá lugar à alegria (2,9-10)
  • Pessoas que vivem marginalizadas de tudo são as primeiras convidadas (2,8)
  • Os pastores reconheceram Deus presente numa criança (2,20)
Outro dia, foi dado o aviso: "O celebrante de hoje será o senhor João!" Muitas pessoas não aceitaram e saíram. Diziam: "O João nem sabe ler direito!" Qual a mensagem de Natal para estas pessoas que recusam o senhor João?

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Outro Natal é possível!

Onde o Menino Jesus não fique envergonhado,
Ao ser escanteado e substituído pelo Papai Noel,
Verdadeiro mascote de vendas e lucros.

Onde as crianças, além de brinquedos,
Ganhem oportunidades de saúde, escola e lazer,
E possam exibir o sorriso largo e o olhar luminoso.

Onde os pais de crianças pobres não sejam inferiorizados
Diante dos apelos do marketing e da propaganda,
Com a tirania da última novidade em brinquedos;

Onde, além da mesa e da ceia natalina,
Estejam recheados o coração e o espírito,
Dos que buscam a justiça, o direito e a paz.

Onde as luzes e cores, presentes e enfeites,
Não formem um verniz de falsidade e ilusão,
Mas expressem um clima de alegria fraterna.

Onde o presépio relembre a cada pessoa e família,
O valor dos laços primários, sólidos, duradouros,
Alicerce de um edifício social sadio e saudável.

Onde o planeta Terra, casa de Deus e casa de todos,
Seja livre da devastação, corrupção e poluição,
Sonho eterno do bem viver e da terra sem males!

Onde os olhos brilhem e os corpos dancem,
Embriagados não pelo prazer e as drogas do egoísmo,
Mas pelas mãos e braços abertos à solidariedade.

Onde o Deus do caminho prevaleça sobre o Deus do templo,
Verbo que se faz carne e arma sua tenda entre nós.
Vem, Senhor Jesus, fica e caminha conosco!


Pe. Alfredo J. Gonçalves

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Misterioso cartão de Natal

O Natal é a festa das crianças e da divina Criança que se esconde dentro de cada adulto. É altamente inspiradora a crença de que Deus se acercou dos seres humanos na forma de uma criança. Assim ninguém pode alegar que Ele é apenas um mistério insondável, fascinante por um lado e aterrador por outro. Não. Ele se aproximou de nós na fragilidade de um recém-nascido que choraminga de frio e que busca, faminto, o seio materno. Precisamos respeitar e amar esta forma como Deus quis entrar no nosso mundo. Pelos fundos, numa gruta de animais, numa noite escura e cheia de neve "porque não havia lugar para ele nas pousadinhas de Belém". Mais consoladora é ainda a ideia de que seremos julgados por uma criança e não por um juiz severo e esquadrinhador. Criança quer brincar. Ela se enturma imediatamente com todas as outras, pobres, ricas, japonesas, negras e loiras. É a inocência originária que ainda não conheceu as malícias da vida adulta.
A divina Criança nos introduzirá na dança celeste e no festim que a família divina do Pai, do Filho e do Espírito Santo prepara para todos os seus filhos e as suas filhas, não excluídos aqueles que, um dia, foram desgarrados.
Estava refletindo sobre esta realidade bem-aventurada quando um anjo, daqueles que cantaram aos pastores nos campos de Belém, se aproximou espiritualmente e me entregou um cartãozinho de Natal. De quem seria? Comecei a ler. Nele se dizia:
"Queridos irmãozinhos e irmãzinhas:
Se vocês ao olharem o presépio e ao verem lá o Menino Jesus no meio de Maria e de José e junto do boi e do jumento, se encherem de fé de que Deus se fez criança, como qualquer um de vocês;
Se vocês conseguirem ver nos outros meninos e meninas a presença inefável do Menino Jesus que uma vez nascido em Belém, nunca nos deixou sozinhos neste mundo;
Se vocês forem capazes de fazer renascer a criança escondida nos seus pais, nos seus tios e tias e nas outras pessoas que vocês conhecem para que surja nelas o amor, a ternura, o cuidado com todo mundo, também com a natureza;
Se vocês, ao olharem para o presépio, descobrirem Jesus pobremente vestido, quase nuzinho e lembrarem de tantas crianças igualmente mal vestidas e se sofrerem no fundo do coração por esta situação e se puderem dividir o que vocês têm de sobra e desejarem já agora mudar este estado de coisas;
Se vocês, ao verem a vaquinha, o burrinho, as ovelhas, os cabritos, os cães, os camelos e o elefante no presépio e pensarem que o universo inteiro é também iluminado pela divina Criança e que todos eles fazem parte da grande Casa de Deus;
Se vocês olharem para o alto e virem a estrela com sua cauda luminosa e recordarem que sempre há uma estrela como a de Belém sobre vocês, acompanho-os, iluminando-os, mostrando-lhes os melhores caminhos;
Se vocês se lembrarem que os reis magos, vindos de terras distantes, eram, na verdade, sábios e que ainda hoje representam os cientistas e os mestres que conseguem ver nesta Criança o sentido secreto da vida e do universo;
Se vocês pensaram que esse Menino é simultaneamente homem e Deus e por ser homem é seu irmão e por ser Deus existe uma porção Deus em vocês e por causa disso, se encherem de alegria e de legítimo orgulho;
Se pensarem tudo isso então fiquem sabendo que eu estou nascendo de novo e renovando o Natal entre vocês. Estarei sempre perto, caminhando com vocês, chorando com vocês e brincando com vocês até aquele dia em que chegaremos todos, humanidade e universo, na Casa de Deus que é Pai e Mãe de infinita bondade, para morarmos sempre juntos e sermos eternamente felizes".

Leonardo Boff

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Dom Esmeraldo é nomeado Arcebispo de Porto Velho (RO)

O novo arcebispo de Porto Velho (RO) dom Esmeraldo Barreto de Farias, até então bispo de Santarém (PA) escreveu carta ao povo de Santarém nesta quarta-feira, 30, dia de sua nomeação. “Quando vim para Santarém, vim com muita alegria e agradeço a Deus que me concedeu a graça de viver esse tempo nesta Diocese, experimentando a cada dia o que significa ser missionário na Amazônia”, destaca dom Esmeraldo na carta.
Todo o texto é um agradecimento do prelado a Deus e ao povo de Santarém.  “Agradeço ao nosso Pai bondoso pelas comunidades presentes nas cidades e no interior: são um sinal vivo de como a força do Evangelho transforma pessoas e as torna dedicadas à missão”.
Leia carta na íntegra, abaixo
Santarém, 30 de novembro de 2011.
Aos Irmãos e Irmãs na Diocese de Santarém.
“A cada um o Senhor deu sua tarefa: eu plantei, Apolo regou, mas era Deus que fazia crescer. De modo que nem o que planta nem o que rega são, propriamente importantes. Importante é aquele que faz crescer: Deus. (...) Nós somos cooperadores de Deus” (1Cor 3,5-7.9).
Em fevereiro de 2007, quando estávamos para iniciar a Campanha da Fraternidade sobre a Amazônia que trazia o lema: “Vida e missão neste chão”, recebi a carta do Papa Bento XVI pedindo que deixasse a Diocese de Paulo Afonso, no sertão da Bahia e viesse servir à Diocese de Santarém, bem no coração da Amazônia.
Vivendo o ano missionário e meditando muitas vezes o Evangelho que narra o envio dos setenta e dois discípulos feito por Jesus “a toda cidade e lugar para onde ele mesmo devia ir” (Lc 10,1), nesse contexto de missão, o Papa Bento XVI me escreve dizendo: em razão da renúncia, por idade, de D. Moacyr Grechi,  você está nomeado para a Diocese de Porto Velho, em Rondônia.
Isto significa que, mais uma vez, a palavra bíblica: “Levanta-te e anda” (At 3,6) me é dirigida para que possa acolhê-la em minha vida. Com muita humildade e confiança no Espírito Santo, protagonista da missão, recebo esse insistente convite como um chamado de Deus nosso Pai, na certeza de que estou indo não em nome próprio, mas como caminho do seguimento a Jesus Cristo que nos chama e envia para onde ele mesmo deve ir. O missionário está sempre aberto ao chamado de Deus para realizar a vontade daquele que o envia (cf. Heb 10,7). Ele medita a sua Palavra e faz a experiência de que a missão não se resume a algumas atividades, a alguns momentos ou lugares, mas é entrega do seu ser e viver, pois é a missão que determina sua vida. Com Maria, a serva do Senhor, a Mãe Missionária, o missionário aprende a proclamar: “Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38).
Quando vim para Santarém, vim com muita alegria e agradeço a Deus que me concedeu a graça de viver esse tempo nesta Diocese, experimentando a cada dia o que significa ser missionário na Amazônia. Agradeço ao nosso Pai bondoso pelas comunidades presentes nas cidades e no interior: são um sinal vivo de como a força do Evangelho transforma pessoas e as torna dedicadas à missão. Estive em uma boa parte delas. Vi animadores e animadoras, catequistas, responsáveis por pastorais, membros de movimentos, de equipes de serviço e de grupos empenhados em colaborar para o fortalecimento da comunidade  e, ao mesmo tempo, conscientes de que a missão, de modo especial na Amazônia, implica lutar pela dignidade da vida das pessoas pela defesa e preservação do meio ambiente, contribuindo para que a nossa sociedade seja realmente justa, solidária e pacífica.Guardo no coração tantos testemunhos que me fazem, a cada dia, louvar a agradecer a Deus que tem inspirado esses cristãos leigos e leigas, sustentáculos do trabalho de evangelização, mesmo ali onde a presença do padre só é possível uma, duas ou três ao ano.
Obrigado, Senhor pelos religiosos Franciscanos, Verbitas, Irmãos de Santa Cruz e pelas  Religiosas Missionárias da Imaculada Conceição (ISMIC), Adoradoras do Sangue de Cristo, Franciscanas dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria, Franciscanas de Maristela, Irmãs da Sagrada Família, Irmãs de São José, Irmãs Franciscanas de Alegany, Irmãs Franciscanas Angelinas e Irmãs Franciscanas Hospitaleiras que se preparam para servirem a esta diocese a partir de 2012. Não poderia deixar de mencionar o Irmão José, monge Trapista.
Elevo a Deus minha ação de graças pelos irmãos padres, colaboradores diretos no trabalho de evangelização, numa missão tão fundamental de presidir as comunidades e articular a ação evangelizadora: Pe. Luis Pinto (Vigário Geral), Frei Gregório (Coordenador Diocesano de Pastoral), Pe. Carlos Antonio (Ecônomo), Pe. Edilberto Sena (Diretor da Rádio Rural de Santarém), Pe. José Ronaldo (Pároco da Catedral), Pe. Alaelson e Pe. Walter (respectivamente Reitores dos Seminários S. Pio X e São Gaspar), Pe. Ademar, André Carlos, Antonio Claudio, Antonio Jorge, Armstrong Feitosa, Auricélio Paulino, Francisco Pedroso, Gonzaga Vidal, Hesron Wagner, Ivair, Jorge Torres, Juscivaldo Peixoto, Luis Carlos, Odirley Maia, Raimundo Matias, Rosivaldo Correa, Rubinei Valente Coelho, Sidney Canto, Valdir Serra, aos Diáconos Raimundo Nélio e Marcílio Pedroso e ao seminarista Alessandro que se prepara para o Diaconado.
Não nos faltou nesse tempo a oração pelas vocações ao ministério ordenado. E Deus nos tem dado Seminaristas que descobrem e assumem o ser missionário como constitutivo da vocação e da missão que procedem de Jesus Cristo, o missionário do Pai.
Nesta diocese, Deus me fez ver o quanto é grande a família de um missionário, pois multiplicou em muito os irmãos, irmãos, pais e mães. O povo da diocese, pelo seu carinho e pela boa acolhida, tem sido uma verdadeira família.
Agradeço e, ao mesmo tempo, peço a Deus pelos funcionários da Diocese de Santarém, profissionais da comunicação, da área da saúde, da educação e demais setores que estiveram presentes nesse tempo.
Os irmãos bispos do Oeste do Pará: D. Martinho, D. Capistrano, D. Erwin, D. Bernardo, D. Wilmar e todos os bispos do Regional a começar pelo Arcebispo Metropolitano de Belém fazem parte do meu agradecimento a Deus, inclusive  D. Lino, de saudosa memória.
Minhas palavras não traduzem toda minha gratidão: somente Deus poderá recompensar cada um de vocês e firmar seus passos no caminho missionário.
Peço também perdão a Deus, pois sei que não me empenhei o tanto quanto pedia e pede a Diocese de Santarém que sempre teve uma caminhada evangelizadora tão bonita.Hoje é dia de Santo André, apóstolo de Jesus Cristo.
Ele foi chamado por Jesus Cristo para que pudesse segui-lo. O Evangelho nos diz que: “Caminhando à beira do mar da Galiléia, Jesus viu Simão e o irmão deste André, lançando as redes ao mar, pois eram pescadores. Então, disse-lhes: “Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens”. E eles, imediatamente, deixaram as redes e o seguiram.”  (Mc 1,16-18).A exemplo de Santo André, sou chamado a escutar a voz de Deus que, mais uma vez me diz: “Levanta-te e anda” (At 3,6), “sê forte e corajoso” (Deut 31,23)
Ao receber a carta de transferência, confesso que não entendi porque. Na minha oração, me veio a inspiração:
Quando o Senhor guia a nossa vida, não nos cabe marcar o que vai acontecer.É um Mistério. Deus sabe o que faz.É preciso ler aí o que ele nos quer dizer!
Na Bahia escutei: “levanta-te e anda”,Na Amazônia experimentarás: “vida e missão neste chão”,Em meio a tantos rios: Amazonas, Tapajós, Arapiuns, Ururará.Entrei na barca do Senhor para aprender a alargar o coração.
Que desígnios insondáveis, Mistérios tão profundos. O Espírito escreve em nosso dia a dia.No seguimento a Jesus missionário descobrimos e assumimos: é ele quem nos guia.
Obrigado, Santarém, seu povo sua gente,Diocese que se empenha em viver a missão.Leigos, religiosos e padres dinamizando comunidades sinal do Evangelho, semente de Deus em ação.Deus abençoe crianças, jovens, famílias, idosos.
Rezem também por mim. Isto sempre pedi a muitas pessoas, especialmente quando via alguém com o terço na mão. Sei que a missão em Porto Velho é muito desafiadora, porque o é em toda a Amazônia.
Como o agradecimento se volta sempre para Deus, de coração, com muita sinceridade, peço: vamos agradecer a Deus; nada de homenagens a quem está indo para outro lugar missionário na Amazônia. Se há uma palavra a dizer: digo eu e digamos todos: Obrigado, Senhor!