domingo, 25 de setembro de 2011

Aos devotos de Santa Terezinha - Chorozinho


           Pe. Aécio, servo de Jesus Cristo, a todos os irmãos que estão vivenciando com fé e amor a Festa da Padroeira das Missões - Santa Terezinha, com seu Páraco e demais missionários em Chorozinho: graça e paz a todos vós da parte de Deus nosso amado Pai e do Senhor Jesus Cristo. Dou graças ao Senhor Deus todas as vezes que lembro de vós. Sempre em minhas orações rezo por vós, com alegria, por causa da vossa caminhada em uma terra tão desafiadora para o anúncio do Evangelho. Lembrando as palavras de Jesus Cristo no Evangelho de hoje, Eu vos declaro esta verdade: Os publicanos e as meretrizes vos precederão no Reino de Deus, porque eles tiveram fé (cf. Mt 21, 28 - 32). Por isso, amigos missionários do Santuário do Menino Jesus de Praga, não esqueçam dos pequeninos e excluídos da sociedade - os preferidos de Jesus. Pois quem assim o proceder, o Senhor derramará uma água pura e sereis purificados de todas as impurezas e de todos os males. Vos dará um coração novo e um espírito novo para que possas cuidar dos prediletos do Senhor que as autoridades políticas fazem questão de os esquecerem (cf. Ez 36, 25 - 27). 
           Um abraço fraterno a todos e que as bênçãos do Pai, do Filho e do Espírito Santo os fortaleçam neste retiro espiritual que é a festa de vossa padroeira.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

O mercado, o governo e a mídia na nova economia verde - Vilmar Sidnei Demamam Berna

O mercado não faz política. Quem faz política é o governo. O mercado aproveita as oportunidades que a política oferece.
Os políticos, por sua vez, procuram estar sintonizados com o que a sociedade espera dela. Mercado, políticos e sociedade dependem de informações para fazerem escolhas e tomarem decisões, e é aí que a imprensa deve ser capaz de cumprir com seu papel social de informar e esclarecer ao publico sobre fatos e tendências. Quando se fala em política, é preciso lembrar sobre a importância não só do Poder Executivo, mas principalmente dos Parlamentos, na elaboração das leis e no Judiciário, na fiscalização destas leis.
É no Congresso Nacional, nas Assembléias Legislativas Estaduais, nas Câmaras de Vereadores que as leis são feitas.
Elas resultam quase sempre de um amplo debate democrático onde forcas e interesses antagônicos se confrontam até que surja o consenso sobre o que é possível, como está ocorrendo agora com o Código Florestal, como aconteceu com a Lei Nacional de Resíduos Sólidos que demorou vinte anos para ser aprovada. Não é verdade que o mercado prefira uma economia suja em vez da limpa. Para o mercado, o que importa é atender às demandas da sociedade, obedecendo ao que as leis determinam e aproveitando dos benefícios e incentivos que oferece. Neste sentido, o mercado mantém um olho no público e em suas tendências, e outro nas leis que estabelecem políticas e incentivos. Quanto mais bem sucedido o empresário for a interpretar a vontade do consumidor e aproveitar dos benefícios que as leis e as políticas oferecem, maiores as chances de ser bem sucedido nos negócios.
E hoje, o negocio é ser limpo e sustentável. A economia suja, de uso intensivo em recursos naturais, de grande pegada carbônica, poluidora e desperdiçadora, terá cada vez mais dificuldade para prosperar.
Quem precisa aprovar novos empreendimentos que causarão grandes danos ao meio ambiente ja se apercebeu dessa nova realidade.
A sociedade continua demandando por progresso e desenvolvimento, mas não aceita mais que isso se de em desrespeito ao meio ambiente ou de qualquer jeito. A chamada economia 'verde' já aponta como fonte de lucros e oportunidades.
O Governo Federal, por exemplo, tem lançado edital para a compra de energia eólica ou solar ou de biomassa. Trata-se oportunidade de novos negócios e empregos onde antes a produção de energia suja dominava.
Antes, os investimentos em meio ambiente e sustentabilidade eram divulgados timidamente em mídias ambientais especializadas.
Hoje, estão ganhando as paginas das mídias de massa, demonstrando para o grande publico os avanços e resultados no campo da sustentabilidade.
Não se trata de um marketing mentiroso apenas para enganar o publico. Essa época já passou.
Agora a sustentabilidade ganha cada vez mais o coração e as mentes do publico em geral deixando os pequenos círculos de iniciados em meio ambiente.
Por outro lado, se é verdade que muito já vem sendo feito no rumo da sustentabilidade, também é verdade que as forcas do atraso e do progresso a qualquer preço ainda dão as cartas e dominam. Veja a situação do lixo, atribuição dos municípios. Ao lado de experiências modelos de aterros bem gerenciados que aproveitam inclusive o metano como energia, ainda convivemos com milhares de lixões e 'enterros' sanitários revelando um enorme nicho de oportunidade de negócios para o mercado que resolver investir na solução deste problema.
Os entulhos, sobras de construção civil, geralmente um enorme problema para os municípios, se em vez de cobrados para despejar nos aterros já lotados e com a vida útil comprometida, fossem isentos de pagamento se entregues numa usina de reciclagem de entulho, poderiam ainda ajudar na construção de casas populares virando agregado para a fabricação de tijolos ecológicos, feitos prensados, a frio.
Ao adotar políticas de compra sustentável dos ingredientes da merenda escolar ou servida nos hospitais, por exemplo, os governos poderiam incentivar a produção orgânica e local, oferecendo produtos sem agrotóxico e com menor pegada carbônica e ainda incentivar a produção e a fixação das famílias nas áreas rurais do município ou imediações, evitando as migrações para as favelas urbanas.
São exemplos de que é perfeitamente possível mudar por que são mudanças que já estão ocorrendo em diversas cidades brasileiras.
Estamos vivendo numa época em que estas duas economias estão convivendo, lado a lado, e os bons e os maus exemplos disso estão por todos os cantos.
A divulgação dos bons exemplos ajuda a que a sociedade cobre de seus governantes políticas de mudanças para a sustentabilidade, assim como a divulgação dos excessos, dos maus exemplos, ajudam a sociedade a exigir limites e multas cada vez mais pesadas para aqueles que preferem a velha economia, intensiva no uso dos recursos naturais, que não se importa com a pegada carbônica.
A sociedade pode ajudar a acelerar este processo passando a acompanhar mais, através das redes sociais e da internet, o trabalho de seus representantes políticos e interagir com os mandatos deles, com sugestões e criticas.
As ONGs, do chamado Terceiro Setor, podem ajudar, por exemplo, organizando debates públicos e fóruns permanentes de acompanhamento de políticas para manter acesa a chama da mudança para a sustentabilidade e da economia verde, convidando parlamentares, promotores públicos e representantes do governo, exibindo vídeos com os usos e abusos da economia suja sobre a sociedade e as possibilidades e potenciais que a nova economia verde oferece.
E quanto mais a sociedade tiver acesso a informações sobre a nova economia verde e sobre a sustentabilidade, melhores serão suas escolhas, tanto de consumo quanto da pressão por políticas publicas, e maior será a velocidade da mudança no rumo da sustentabilidade.
* Vilmar Sidnei Demamam Berna é escritor e jornalista, fundou a REBIA - Rede Brasileira de Informação Ambiental (www.rebia.org.br ) e edita deste janeiro de 1996 a Revista do Meio Ambiente (que substituiu o Jornal do Meio Ambiente) e o Portal do Meio Ambiente (http://www.portaldomeioambiente.org.br/).

Vilmar Sidnei Demamam Berna Escritor e jornalista, fundou a REBIA - Rede Brasileira de Informação Ambiental e edita deste janeiro de 1996 a Revista do Meio Ambiente e o Portal do Meio Ambiente

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Sete de setembro na América Latina

Enquanto neste 07 de setembro, o Brasil comemora o dia da pátria, as comunidades cristãs latino-americanas recordam que, nesta mesma data, em 1968, encerrou-se, em Medellín, na Colômbia, a 2ª Conferência geral do episcopado católico latino-americano. Foi esta reunião que oficializou o compromisso social e político da Igreja Católica com a completa independência e libertação de nossos povos. A partir da conferência de Medellín, pastores e teólogos, inclusive os papas têm se referido à opção pelos pobres como uma decisão evangélica que é da própria natureza da Igreja ser. No discurso inaugural da Conferência dos bispos em Aparecida, Bento XVI afirmou: "A opção preferencial pelos pobres está implícita na fé cristã naquele Deus que se fez pobre por nós". João Paulo II também falou da opção pelos pobres em suas encíclicas sociais. A razão de ser de uma comunidade cristã é ser testemunha do reino de Deus no mundo. Concretamente, isso significa servir à humanidade continuando a missão de Jesus que na sinagoga de Nazaré disse ter vindo ao mundo para curar as pessoas doentes e libertar as oprimidas (Lc 4, 16- 21).
Há 50 anos, o Concílio Vaticano II reuniu todos os bispos católicos em Roma e definiu a Igreja como sinal e sacramento da salvação que Deus quer dar ao mundo inteiro e atinge o ser humano em sua integridade. Em 1968, a conferência de Medellín aplicou o Concílio à América Latina e, pela própria realidade do nosso continente, decidiu aprofundar este assunto. O saudoso padre José Comblin afirmava: "Medellín representou o nascimento de uma Igreja propriamente latino-americana, com rosto de nossos povos". O tema geral da conferência foi a missão da Igreja na transformação da América Latina. Em 1968, eclodiam manifestações da juventude em países da Europa e movimentos revolucionários desejavam mudar nosso continente. Era uma época de transformações sociais e políticas que encontravam resistências e repressões por parte do império norte-americano. Este financiava e apoiava ditaduras militares que, pouco a pouco, se instalavam em nossos países e reprimiam toda tentativa de libertação do povo. Neste contexto, o fato dos bispos terem assumido uma postura crítica com relação às estruturas políticas do continente foi muito importante. O próprio papa Paulo VI que inaugurou aquele encontro deixou claro: "o desenvolvimento é o novo nome da paz".E ele insistiu que este desenvolvimento só merece este nome se for baseado na justiça e na solidariedade humana. Os bispos denunciaram a realidade social e política da maioria de nossos países como "injustiça estrutural" e tiveram coragem de propor que a Igreja se colocasse no mundo como sinal e instrumento de libertação integral da humanidade e de cada ser humano.
É claro que na conferência de Medellín, os bispos puderam aprofundar teologicamente e propor pastoralmente este jeito novo de ser da Igreja, porque isso já era uma experiência concreta nas comunidades eclesiais de base. Desde o começo dos anos 60, muitas comunidades e grupos cristãos, nas periferias urbanas e no campo, começaram a estudar a Bíblia e a ligar a Palavra de Deus à sua vida concreta. Em consequência disso, muitos cristãos, jovens e menos jovens, em nome da fé, participaram de movimentos e lutas pela justiça, inclusive muitos arriscaram a vida neste caminho.
Neste ano, festejamos o Sete de Setembro, com a consciência de que a verdadeira independência social, política e econômica de um país é um processo que precisa sempre ser completado e aperfeiçoado até o dia em que todos os cidadãos tenham o necessário para viver, contem com um trabalho digno e remunerado de forma justa e possam usufruir um merecido lazer na beleza da terra que Deus lhes deu.
Hoje, 43 anos depois, as palavras dos bispos latino-americanos em Medellín devem ressoar em nossas Igrejas para nos recordar que é nossa missão cristã participar desta construção de uma pátria verdadeiramente libertada e independente. Junto com todos os irmãos e irmãs da humanidade, devemos lutar pacificamente para que se realize no mundo o projeto divino de paz, justiça e defesa da natureza. Hoje, está mais do que nunca atual a proposta dos bispos latino-americanos de 1968: "Devemos dar à nossa Igreja o rosto de uma Igreja verdadeiramente missionária e pascal. Seja ela uma Igreja pobre e despojada do poder, comprometida com a libertação de toda a humanidade e de cada ser humano por inteiro" (Medellín, doc 5, n. 15).
Marcelo Barros Monge beneditino e escritor