segunda-feira, 30 de maio de 2011

CARTA DE ABRAHAM LINCOLN AO PROFESSOR DE SEU FILHO

CARTA DE ABRAHAM LINCOLN AO PROFESSOR DE SEU FILHO
Caro professor,
Ele terá de aprender que nem todos os homens são justos,
nem todos são verdadeiros, mas, por favor, diga-lhe que,
para cada vilão, há um herói; que para cada egoísta, há também um líder dedicado;
ensine-lhe, por favor, que para cada inimigo haverá também um amigo;
ensine-lhe que mais vale uma moeda ganha que uma moeda encontrada;
ensine-o a perder mas também a saber gozar da vitória.
Afaste-o da inveja e dê-lhe a conhecer a alegria profunda do sorriso silencioso.
Faça-o maravilhar-se com os livros, mas deixe-o também perder-se com os pássaros do céu, as flores do campo, os montes e os vales.
Nas brincadeiras com os amigos, explique-lhe que a derrota honrosa vale mais que a vitória vergonhosa; ensine-o a acreditar em si, mesmo se sozinho contra todos.
Ensine-o a ser gentil com os gentis e duro com os duros;
ensine-o a nunca entrar no comboio simplesmente porque os outros também entraram.
Ensine-o a ouvir a todos, mas, na hora da verdade, a decidir sozinho;
ensine-o a rir quando estiver triste e explique-lhe que por vezes os homens também choram.
Ensine-o a ignorar as multidões que reclamam sangue e a lutar só contra todos, se ele achar que tem razão.
Trate-o bem, mas não o mime, pois só o teste do fogo faz o verdadeiro aço.
Deixe-o ter a coragem de ser impaciente e a paciência de ser corajoso.
Transmita-lhe uma fé sublime no Criador e fé também em si, pois só assim poderá ter fé nos homens.
Eu sei que estou pedindo muito, mas veja o que pode fazer, caro professor.
Abraham Lincoln,
1830

quinta-feira, 26 de maio de 2011

"Eu sou o caminho, a verdade e a vida" (João 14, 1-13)

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"Eu sou o caminho, a verdade e a vida"

A missão de Jesus e a nossa Missão
  


1. SITUANDO

            Nos cinco capítulos que descrevem a despedida de Jesus (Jo 13 a 17), percebe-se a presença daqueles três fios de que falamos na Introdução: a fala de Jesus, a fala das comunidades do Discípulo Amado e na fala daquele que fez a última redação do Quarto Evangelho. Nestes capítulos, os três fios estão de tal maneira entrelaçados que o todo se apresenta como uma peça única de rara beleza e inspiração, onde é difícil distinguir o que é de um e o que é do outro.
            Estes cinco capítulos são um exemplo de como as comunidades do Discípulo Amado faziam catequese. Por exemplo, o capítulo 14 é uma catequese que ensina as comunidades como viver sem a presença física de Jesus. Eles faziam isto através de perguntas e respostas. As perguntas dos três discípulos, Tomé (Jo 14, 5), Filipe (Jo 14, 8) e Judas Tadeu (Jo 14, 22), eram também as perguntas das comunidades. Assim, as respostas de Jesus para os três eram um espelho em que as comunidades encontravam uma resposta para as suas próprias dúvidas e dificuldades.

2. COMENTANDO
  
1. João 14, 1-2: Nada te perturbe!
O texto começa com uma exortação: "Não se perturbe o coração de vocês!" Em seguida, diz: "Na casa do meu Pai há muitas moradas!" A insistência em conservar palavras de ânimo que ajudam a superar a perturbação e as divergências, é um sinal de que devia haver muita polêmica entre as comunidades. Uma dizia para a outra: "Nós estamos salvos! Vocês estão erradas! Se quiserem ir para o céu, têm que se converter e viver como nós vivemos!" Jesus diz: "Na casa do meu Pai há muitas moradas!" Não é necessário que todos pensem do mesmo jeito. O importante é que todos aceitem Jesus como revelação do pai e que, por amor a ele, tenham atitudes de serviço e de amor. Amor e serviço são o cimento que liga entre si os tijolos e faz as várias comunidades serem uma igreja de irmãos e irmãs.

2. João 14, 3-4: Jesus se despede

Jesus diz que vai preparar um lugar e depois retornará para levar-nos com ele para a casa do Pai. Quer que estejamos todos com ele para sempre. O retorno de que Jesus fala é a vinda do Espírito que ele manda e que trabalha em nós, para que possamos viver com o ele viveu (Jo 14, 16-17.26; 16, 13-14). Jesus termina dizendo: "Para onde eu vou, vocês conhecem o caminho!" Quem conhece Jesus conhece o caminho, pois o caminho é a vida que ele viveu e que o levou através da morte para junto do Pai.

3. João 14, 5-7: Tomé pergunta pelo caminho
Tomé diz: "Senhor,  não sabemos para onde vai. Como podemos conhecer o caminho?" Jesus responde: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida!" Três palavras importantes. Sem caminho, não se anda. Sem verdade, não se acerta. Sem vida, só há morte! Jesus explica o sentido. ele é o caminho, porque "ninguém vem ao Pai senão por mim!" Pois ele é a porteira por onde as ovelhas entram e saem (Jo 10,9). Jesus é a verdade, porque, olhando para ele, estamos vendo a imagem do Pai. "Se vocês me conhecem, conhecerão também o Pai!" Jesus é a vida, porque, caminhando como Jesus caminhou, estaremos unidos ao Pai e teremos a vida em nós!

4. João 14, 8-11: Filipe pergunta pelo Pai

"Mostra-nos o Pai, e basta!" Era o desejo de muita gente nas comunidades de João: como é que a gente faz para ver o Pai de que Jesus fala tanto? A resposta de Jesus é muito bonita e vale até hoje: "Filipe, tanto tempo estou no meio de vocês, e você ainda não me conhece! Quem me vê, vê o Pai!" A gente não deve pensar que Deus esteja longe de nós, como alguém distante e desconhecido. Quem quiser saber como é e quem é Deus Pai, basta olhar para Jesus. Ele o revelou nas palavras e gestos da sua vida! "O Pai está em mim e eu estou no Pai!" Através da sua obediência, Jesus está totalmente identificado como Pai. Ele a cada momento fazia o que o Pai mostrava que era para fazer (Jo 5, 30; 8, 28-29.38). Por isso, em Jesus tudo é revelação do Pai! E os sinais ou as obras de Jesus são as obras do Pai! Como diz o povo: "O filho é a cara do pai!" Por isso, em Jesus e por Jesus, Deus está no meio de nós.

5. João 14, 12-13: Promessas de Jesus
Jesus faz uma promessa para dizer que a intimidade dele com o Pai não é privilégio só dele, mas é possível para todos os que crêem nele. Nós também, através de Jesus, podemos chegar a fazer coisas bonitas para os outros do jeito que Jesus fazia para o povo do seu tempo. Ele vai interceder por nós. Tudo que a gente pedir a ele, ele vai pedir ao Pai e vai conseguir, contanto que seja para servir.

6. João 14, 14-17: Ação do Espírito Santo

Jesus é o nosso defensor. Ele vai embora, mas não nos deixa sem defesa. Promete que vai pedir ao Pai para Ele mandar um outro defensor ou consolador, o Espírito Santo. Jesus chegou a dizer que ele precisa ir embora, pois, do contrário, o Espírito Santo não poderá vir (Jo 16,7). É o Espírito Santo que realizará a proposta de Jesus em nós, desde que peçamos em nome de Jesus e observemos o grande mandamento da prática do amor.

3. ALARGANDO
  
A Linguagem apocalíptica no Evangelho de João
            Durante muito tempo, houve uma identificação entre o João do Livro do Apocalipse (Ap 1, 1.4.9) e o autor do Quarto Evangelho. Pensavam que era a mesma pessoa. Por isso, buscavam acentuar as semelhanças entre o Evangelho de João e o Apocalipse. Por exemplo, a identificação de Jesus como Cordeiro de Deus (Jo 1,29; Ap 5,6.12), e outras. Mas as diferenças são maiores que as semelhanças. Elas mostram que os dois livros não são do mesmo autor. As semelhanças,porém mostram que os dois surgiram dentro de um mesmo ambiente, onde as pessoas tinham uma maneira muito própria de ver o mundo e de se situar frente ao império. Esta mentalidade ou maneira de ver as coisas chamamos de apocalíptica. Ela transparece também nos outros escritos do Novo Testamento. Por exemplo, nos evangelhos sinóticos encontramos discursos de Jesus a respeito daquilo que acontecerá no fim dos tempos (Mc 13; Mt 24; Lc 21). Nestes discursos Jesus usa imagens apocalípticas para falar do juízo final de Deus e da sua vitória definitiva sobre o mal que atormenta as pessoas. É provável que o próprio Jesus falasse dentro desta mesma mentalidade, muito comum na Palestina na sua época.
            No Evangelho de João não é só neste discurso, mas Jesus fala o tempo todo em imagens apocalípticas para definir a sua missão. Expressão desta mentalidade são, por exemplo, as seguintes frases de Jesus: "Um pouco de tempo e já não me vereis, mais um pouco de tempo ainda e me vereis" (Jo 16,16); "Saí do Pai e vim ao mundo, deixo o mundo e volto para o Pai" (Jo 16,28). Jesus quer dizer que ele veio do Pai, para, no mundo, ser o nosso defensor,  nosso advogado ou Paráclito. Voltará para o Pai, para o mundo do alto, para o enfrentamento definitivo com Satã, chamado de "príncipe do mundo" (Jo 12,31). Depois, Jesus voltará triunfante (Jo 16, 20-22). Para as comunidades do Discípulo Amado, quando Jesus é "elevado" na cruz, ele está voltando para o alto, para junto do Pai (Jo 3, 14-15). A cruz é a glorificação de Jesus, por isso mesmo, quando Jesus for elevado, atrairá todos para si (Jo 12,32). As palavras do Evangelho de João querem dar às comunidades força e coragem para enfrentar as tribulações e as dificuldades, suportadas por aqueles que buscam construir uma vida alternativa numa sociedade violenta (Jo 16,2). A vitória definitiva de Jesus sobre o "príncipe do mundo" está descrita no Apocalipse, onde ele vence o Dragão, "a antiga serpente, chamada Diabo ou Satanás" (Ap 12,9), e faz com que ele seja expulso do céu (Ap 12,1-9). A vitória final já começou no mundo lá de cima! Escutando bem, as comunidades podem até ouvir o canto de vitória que ressoou pelo céu após a vitória de Jesus sobre Satã (Ap 12,10-12). Em breve esta vitória será revelada e manifestada também neste mundo cá de baixo. Todos podem ficar tranquilos e cheios de esperança, porque Jesus venceu e foi glorificado pelo Pai (Jo 17, 5).

Texto extraído do livro "Raio-X da Vida - Círculos Bíblicos do Evangelho de João" (147/148) - dos autores: Carlos Mesters, Mercedes Lopes e Francisco Orofino. Publicado pelo CEBI - Centro de Estudos Bíblicos.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

O Sistema Neoliberal

O que é neoliberalismo - Frei Betto



O neoliberalismo é o novo caráter do velho capitalismo. Este adquiriu força hegemônica no mundo a partir da Revolução Industrial do século 19. O aprimoramento de máquinas capazes de reproduzir em grande escala o mesmo produto e a descoberta da eletricidade possibilitaram à indústria produzir, não em função de necessidades humanas, mas sobretudo visando ao aumento do lucro das empresas.

O excedente da produção e a mercadoria supérflua obtiveram na publicidade a alavanca de que necessitavam para induzir o homem a consumir, a comprar mais do que precisa e a necessitar do que, a rigor, é supérfluo e até mesmo prejudicial à saúde, como alimentos ricos em açúcares e gordura saturada.

O capitalismo é uma religião laica fundada em dogmas que, historicamente, merecem pouca credibilidade. Um deles reza que a economia é regida pela "mão invisible" do mercado. Ora, em muitos períodos o sistema entrou em colapso, obrigando o governo a intervir na economia para regular o mercado.

O fortalecimento do movimento sindical e do socialismo real, sobretudo após a Segunda Guerra Mundial (1940-1945), ameaçou o capitalismo liberal, que tratou de disciplinar o mercado através dos chamados Estados de Bem-Estar Social (previdência, leis trabalhistas, subsídios à saúde e educação etc.).

Esse caráter "social" do capitalismo durou até fins da década de 1970 e início da década seguinte, quando os EUA se deram conta de que era insustentável a conversibilidade do dólar em ouro. Durante a guerra do Vietnã, os EUA emitiram dólares em excesso e isso fez aumentar o preço do petróleo. Tornou-se imperioso para o sistema recuperar a rentabilidade do capital. Em função deste objetivo várias medidas foram adotadas: golpes de Estado para estancar o avanço de conquistas sociais (caso do Brasil em 1964, quando foi derrubado o governo João Goulart), eleições de governantes conservadores (Reagan), cooptação dos social-democratas (Europa ocidental), fim dos Estado de Bem-Estar Social, utilização da dívida externa como forma de controle dos países periféricos pelos chamados organismos multilaterais (FMI, OMC etc.) e o processo de erosão do socialismo real no Leste europeu.

O socialismo ruiu naquela região por edificar um governo para o povo e não do povo e com o povo. À democracia econômica (socialização dos bens e serviços, e distribuição de renda) não se adicionou a democracia política; não nos moldes do Ocidente capitalista, mas fundada na participação ativa dos trabalhadores nos rumos da nação.

Nasceu, assim, o neoliberalismo, tendo como parteiro o Consenso de Washington ¬ a globalização do mercado "livre" e, segundo conveniências, do modelo norte-americano de democracia (jamais exigido aos países árabes fornecedores de petróleo e governados por oligarquias favoráveis aos interesses da Casa Branca).

O capitalismo transforma tudo em mercadoria, bens e serviços, incluindo a força de trabalho. O neoliberalismo o reforça, mercantilizando serviços essenciais, como os sistemas de saúde e educação, fornecimento de água e energia, sem poupar os bens simbólicos ¬ a cultura é reduzida a mero entretenimento; a arte passa a valer, não pelo valor estético da obra, mas pela fama do artista; a religião pulverizada em modismos; as singularidades étnicas encaradas como folclore; o controle da dieta alimentar; a manipulação de desejos inconfessáveis; as relações afetivas condicionadas pela glamourização das formas; a busca do elixir da eterna juventude e da imortalidade através de sofisticados recursos tecnocientíficos que prometem saúde perene e beleza exuberante.

Tudo isso restrito a um único espaço: o mercado, equivocadamente adjetivado de "livre". Nem o Estado escapa, reduzido a mero instrumento dos interesses dos setores dominantes, como tão bem analisou Marx. Sim, certas concessões são feitas às classes média e popular, desde que não afetem as estruturas do sistema e nem reduzam a acumulação da riqueza em mãos de uma minoria. No caso brasileiro, hoje os 10% mais ricos da população ¬ cerca de 18 milhões de pessoas ¬ têm em mãos 44% da riqueza nacional. Na outra ponta, os 10% mais pobres sobrevivem dividindo entre si 1% da renda nacional.

Milhares de pessoas consideram o neoliberalismo estágio avançado de civilização, assim como os contemporâneos de Aristóteles encaravam a escravidão um direito natural e os teólogos medievais consideravam a mulher um ser ontologicamente inferior ao homem. Se houve mudanças, não foi jamais por benevolência do poder.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Convocação Ecumênica Internacional pela Paz

Convocação Ecumênica Internacional pela Paz


por Koinonia

Com a presença de cerca de 1000 representantes das igrejas membros e representantes de organismos ecumênicos e da sociedade civil, o Conselho Mundial de Igrejas (CMI) promoverá na cidade de Kingston, Jamaica, a “Convocação Ecumênica Internacional pela Paz”.

O tema central será “Glória a Deus e Paz na terra”. O objetivo maior será o de testemunhar a Paz de Deus como um dom a uma responsabilidade das Igrejas e do mundo. Este encontro é a culminância da “Década da Superação da Violência”, programa do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), solicitado por sua Assembléia Mundial, realizada em Harare, em 1998 e iniciada em 2001.


O evento acontece num momento em que o mundo experimenta a mudança de paradigmas políticos e uma onda de violência e conflitos. A convocação quer refletir sobre o papel da Igreja e das religiões como promotores da paz, à luz do que significa seguir a Cristo, o Príncipe da Paz, hoje e no futuro. Será um momento de estímulo às Igrejas e suas teologias para reflexão e promoção da paz e da justiça.

“Ama a teu próximo como a ti mesmo”, será a luz que guiará a reunião em seus quatro temas gerais: Paz na comunidade; Paz na Cerra; Paz no Mercado (economia) e Paz entre os Povos.


Representando a IEAB se fará presente o bispo D. Orlando Santos de Oliveira (Meridional), Oficial Ecumênico Provincial e também representando da organização ACT Internacional, na qualidade de seu Vice-Presidente, o Bispo Dom Francisco Assis da Silva (Sul-Ocidental).

O CMI convoca a todas as igrejas membros a realizarem um momento especial de intercessão pela paz nas celebrações do domingo 22 de maio. Junto com as orações que seja feito um gesto simbólico, seja pelo plantio de uma árvore ou o acendimento de um Círio durante as celebrações. No site provincial estamos enviando uma sugestão de Intercessões do CMI, que já foi enviada cópia aos Bispos Diocesanos.

Oração pela paz – Domingo, 22 de maio de 2011

Deus da paz e de novas possibilidades, nosso Criador, Redentor e Santificador: Em tua presença, te pedimos misericórdia, perdão e a oportunidade de um novo começo. Te pedimos que nos ajudes a dar uma chance para a paz em nosso mundo. Queremos dar uma chance para a paz, embora tenhamos fracassado tantas vezes. Nós ajudamos a destruir muitas iniciativas de paz. Em vez de vencer o mal com o bem, nós não fizemos nada quando o bem foi derrotado.

Perdão, Senhor.

Dona nobis pacem: Dá-nos paz, é a nossa oração.

Assim como queremos viver o teu perdão, queremos viver este momento em nome da paz. Renovamos neste momento a decisão de aceitar o chamado a sermos pacificadores e criadores de justiça.

Damos graças pela Década Para Superar a Violência pois ela nos conscientizou e nos fez desejar a paz. Apesar disso, sabemos que temos muito a fazer se quisermos realmente dar uma chance para a paz.

Dona nobis pacem: dá-nos paz, é a nossa oração.

Pelo poder do teu Espírito, que nossos corações e mentes sejam de paz; ajuda-nos a transformar nossas vidas em pontos de largada para a paz. “E que a hora seja agora”. Ajuda-nos a cooperar contigo dando uma chance para a paz e criando um mundo em que a paz venha da profundeza do nosso ser.

Dá-nos paz, Senhor, nós te pedimos. Dá-nos sabedoria e coragem para tomar iniciativa. Sabedoria para abraçar o que leva à paz e coragem para sermos fiéis e obedientes a ti.

Dona nobis pacem: dá-nos paz, é a nossa oração.

Deus da paz e de novas possibilidades, faze de nós instrumentos de tua paz na convocação Internacional Ecumênica para a Paz e em todos os lugares, para que façamos tua vontade e para que, fazendo tua vontade, demos uma chance para a paz. Em nome do Príncipe da Paz, Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador. Amém.

Revmo. Orlando Santos Oliveira

Bispo Diocesano – Diocese Meridional

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Pesquisa sobre Cidadania e Política - Sociologia

Qual o significado da palavra cidadania no contexto político de hoje?

Qual o significada da palavra política em sua origem e atualmente?

Como é exercida a cidadania no campo político de nossa atualidade? 

A partir de sua pesquisa, apresente sua opinião de como os políticos devem exercer sua cidadania.


http://www.espacoacademico.com.br/003/03col_cris.htm

http://www.portaldafamilia.org/artigos/artigo263.shtml

http://pt.wikipedia.org/wiki/Cidadania

http://www.espacoacademico.com.br/023/23res_pinsky.htm

http://www.dhnet.org.br/direitos/sos/tex

Padre Josimo, 25 anos de martírio

Padre Josimo, 25 anos de martírio, presente! Zé Vicente

Sábado, 14 de maio de 2011 - 8h33min
por Zé Vicente
Nesse dia 10 de maio de 2011, celebramos 25 anos do assassinato do Pe. Josimo Morais Tavares, quando subia as escadas para a sala da CPT - Comissão Pastoral da Terra, em Imperatriz / MA. Era filho único da viúva, Dona Olinda e tinha então, 33 anos.
Naquele domingo das mães de 1986, eu era membro da CPT no Ceará e estava realizando um trabalho, juntamente com Luizinha Camurça, que também atuava na Secretaria do órgão do Regional, em Fortaleza. Ao recebermos a noticia, ligamos pra D. Aloísio Lorscheider, nosso arcebispo que nos orientou a elaborarmos uma pequena nota comunicando a todas dioceses do Regional NE I, o triste acontecido, lembrando a dimensão do testemunho pascal do mesmo.
Pe. Josimo sofreu várias ameaças, dois atentados e foi executado à bala, por um pistoleiro, a mando de um grupo de fazendeiros da região chamada Bico do Papagaio no Tocantins, onde ele acompanhava toda a situação de conflitos pela posse da terra e pelos direitos dos trabalhadores, como membro da coordenação da CPT.
Como cantor da caminhada, movido pelo testemunho de Josimo, compus a música "Renascerá" em sua homenagem.

                                    "Renascerá, renascerá, o teu sonho, Josimo,
                                      De um novo destino renascerá!
                                      E chegará, e chegará tempo novo sagrado
                                      Há tanto esperado, pra nós chegará!"
  
Por ocasião do décimo aniversário, em 1996, participei da programação. Este ano, fui convidado pela equipe formada por representantes da CPT, do CEBI (Centro de Estudos Bíblicos), da Organização das Quebradeiras de Côco Babaçu, Sindicatos etc. para marcar presença, novamente, cantando num dos eventos da programação de mais uma Semana da Terra Pe. Josimo, em Augustinópolis / TO e em  Imperatriz / MA.
Seminário sobre aquecimento global, oficinas, feira de agricultura familiar, pedágio, vivências, apresentações artísticas, missa, encheram a agenda dos dias 30 de abril a 08 de maio. "Não foi fácil motivar e conseguir apoios, inclusive de setores de nossas Igrejas" lamentava uma das mulheres participantes da coordenação em Imperatriz.
Confesso que vivemos momentos marcantes, tanto em Augustinópolis, na sexta, dia 06, quando cantamos na praça, numa noite chuvosa, com a participação calorosa de trabalhadores, militantes, vários padres, pastores, mulheres idosas, entre elas, Dona Olinda, mãe de Padre Josimo, que ainda vive e mora ali na região. Ao contemplar sua imagem tão pequena, cabelos brancos, silenciosa, vestindo a camiseta comemorativa, com a frase do testamento do filho: "morro por uma Causa justa!", o nosso coração ardeu de emoção.
Em Imperatriz,  cantamos com um público vibrante, no Ginásio da Paróquia de São Francisco, eu com a  cantora Eliahne Brasileiro, o músico Heriberto Silva e  mais vários artista da música e do teatro local. Foi realmente um belo mutirão de arte e memória. A presença do velho líder camponês, Manoel da Conceição, que veio com a família. Ele continua fiel e firme aos princípios da ética e da organização dos trabalhadores, desde muito jovem. Inclusive na última eleição presidencial, fez uma desafiante greve de fome, correndo riscos de vida, por conta da idade, protestando conta a imposição do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, que impôs ao Diretório do Maranhão o apoio a candidata Roseana Sarney.
Um dos momentos emocionantes foi quando convidamos Manoel no palco, para prestar nossa homenagem, dentro da memória pascal de Pe. Josimo. Ele não falou, apenas trocamos um longo abraço e recebeu nosso aplauso.
Na manhã do domingo, dia das mães, nos encontramos com o grupo de pessoas que promoveu o evento, na casa das Irmãs Teresianas, realizamos uma Vivência Mística, com dinâmicas, abraços, canções, poesias e um gostoso almoço compartilhado.
Denise, uma senhora militante, convidou a quem conheceu Josimo, para lembrar alguns traços do mesmo: "era um poeta, tocava violão, gostava de escutar as histórias das pessoas, tinha um jeito manso, gostava de usar aquelas chinelas havaianas..."
No final do dia fomos, com uma equipe menor, contemplar o pôr-do-sol na beira do grande Rio Tocantins. A lua nova também deu o ar de graça sobre nós.
A última estrofe do Samba pra Josimo voltou a minha lembrança, como utopia teimosa, assinada com seu sangue há 25 anos.
  
"Cada rio formoso lá do Tocantins
Levará teu sonho a todos os confins
E cada braço erguido, conquistando o chão
Terá as energias do teu coração!"
 

, presente! Zé Vicente


Nesse dia 10 de maio de 2011, celebramos 25 anos do assassinato do Pe. Josimo Morais Tavares, quando subia as escadas para a sala da CPT - Comissão Pastoral da Terra, em Imperatriz / MA. Era filho único da viúva, Dona Olinda e tinha então, 33 anos.
Naquele domingo das mães de 1986, eu era membro da CPT no Ceará e estava realizando um trabalho, juntamente com Luizinha Camurça, que também atuava na Secretaria do órgão do Regional, em Fortaleza. Ao recebermos a noticia, ligamos pra D. Aloísio Lorscheider, nosso arcebispo que nos orientou a elaborarmos uma pequena nota comunicando a todas dioceses do Regional NE I, o triste acontecido, lembrando a dimensão do testemunho pascal do mesmo.
Pe. Josimo sofreu várias ameaças, dois atentados e foi executado à bala, por um pistoleiro, a mando de um grupo de fazendeiros da região chamada Bico do Papagaio no Tocantins, onde ele acompanhava toda a situação de conflitos pela posse da terra e pelos direitos dos trabalhadores, como membro da coordenação da CPT.
Como cantor da caminhada, movido pelo testemunho de Josimo, compus a música "Renascerá" em sua homenagem.

                                    "Renascerá, renascerá, o teu sonho, Josimo,
                                      De um novo destino renascerá!
                                      E chegará, e chegará tempo novo sagrado
                                      Há tanto esperado, pra nós chegará!"
  
Por ocasião do décimo aniversário, em 1996, participei da programação. Este ano, fui convidado pela equipe formada por representantes da CPT, do CEBI (Centro de Estudos Bíblicos), da Organização das Quebradeiras de Côco Babaçu, Sindicatos etc. para marcar presença, novamente, cantando num dos eventos da programação de mais uma Semana da Terra Pe. Josimo, em Augustinópolis / TO e em  Imperatriz / MA.
Seminário sobre aquecimento global, oficinas, feira de agricultura familiar, pedágio, vivências, apresentações artísticas, missa, encheram a agenda dos dias 30 de abril a 08 de maio. "Não foi fácil motivar e conseguir apoios, inclusive de setores de nossas Igrejas" lamentava uma das mulheres participantes da coordenação em Imperatriz.
Confesso que vivemos momentos marcantes, tanto em Augustinópolis, na sexta, dia 06, quando cantamos na praça, numa noite chuvosa, com a participação calorosa de trabalhadores, militantes, vários padres, pastores, mulheres idosas, entre elas, Dona Olinda, mãe de Padre Josimo, que ainda vive e mora ali na região. Ao contemplar sua imagem tão pequena, cabelos brancos, silenciosa, vestindo a camiseta comemorativa, com a frase do testamento do filho: "morro por uma Causa justa!", o nosso coração ardeu de emoção.
Em Imperatriz,  cantamos com um público vibrante, no Ginásio da Paróquia de São Francisco, eu com a  cantora Eliahne Brasileiro, o músico Heriberto Silva e  mais vários artista da música e do teatro local. Foi realmente um belo mutirão de arte e memória. A presença do velho líder camponês, Manoel da Conceição, que veio com a família. Ele continua fiel e firme aos princípios da ética e da organização dos trabalhadores, desde muito jovem. Inclusive na última eleição presidencial, fez uma desafiante greve de fome, correndo riscos de vida, por conta da idade, protestando conta a imposição do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, que impôs ao Diretório do Maranhão o apoio a candidata Roseana Sarney.
Um dos momentos emocionantes foi quando convidamos Manoel no palco, para prestar nossa homenagem, dentro da memória pascal de Pe. Josimo. Ele não falou, apenas trocamos um longo abraço e recebeu nosso aplauso.
Na manhã do domingo, dia das mães, nos encontramos com o grupo de pessoas que promoveu o evento, na casa das Irmãs Teresianas, realizamos uma Vivência Mística, com dinâmicas, abraços, canções, poesias e um gostoso almoço compartilhado.
Denise, uma senhora militante, convidou a quem conheceu Josimo, para lembrar alguns traços do mesmo: "era um poeta, tocava violão, gostava de escutar as histórias das pessoas, tinha um jeito manso, gostava de usar aquelas chinelas havaianas..."
No final do dia fomos, com uma equipe menor, contemplar o pôr-do-sol na beira do grande Rio Tocantins. A lua nova também deu o ar de graça sobre nós.
A última estrofe do Samba pra Josimo voltou a minha lembrança, como utopia teimosa, assinada com seu sangue há 25 anos.
  
"Cada rio formoso lá do Tocantins
Levará teu sonho a todos os confins
E cada braço erguido, conquistando o chão
Terá as energias do teu coração!"
 

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Cidadania

Quando a consciência manda desobedecer - Marcelo Barros


As escolas e religiões pregam a obediência como virtude importante. Entretanto, a própria Organização das Nações Unidas (ONU) consagra o 15 de maio como "o dia mundial da objeção de consciência”. Assim, fica claro que toda pessoa tem o direito de desobedecer, quando a ordem dada se opõe à sua consciência. Em Israel, jovens recrutados ao serviço militar obrigatório invocam a objeção de consciência para se negar a combater palestinos ou queimar casa de pessoas pobres, ato comum perpetrado pelas tropas de ocupação israelita. Nos Estados Unidos, por objeção de consciência, muitos jovens se negam a fazer guerra em outros países do mundo. E vários religiosos foram presos por rasgarem em um ato público e diante do Congresso Nacional o seu documento de incorporação militar. É uma atitude oposta a dos generais nazistas que se defenderam das acusações de genocídio, sob o pretexto de que tinham matado inocentes por obediência a seus superiores. Deveriam ter desobedecido. Em vários países do mundo, grupos religiosos e civis se negam a pegar em armas e exigem substituir os treinamentos militares por ações pacíficas. Fazem serviço civil no lugar do serviço militar obrigatório e a lei reconhece este direito.
No Brasil, a Constituição garante aos jovens brasileiros este direito. Entretanto, as leis complementares até agora ainda não foram sancionadas. Por isso, o direito da objeção de consciência ainda não se pode exercer verdadeiramente. Poucos brasileiros têm consciência disso. A ONU consagra toda esta semana para aprofundar este direito e divulgar esta atitude pacifista. Só se reconhece a dignidade humana onde a consciência individual e a fé de cada grupo forem respeitadas.
A espiritualidade ecumênica compreende a obediência não como mera execução mecânica de uma ordem dada, mas como abertura interior que leva a pessoa a escutar e acolher livremente a palavra e as propostas de outro. Esta liberdade interior permite o diálogo e se for o caso o dissenso e a discordância. Há pessoas que executam uma ordem recebida de forma tão mecânica que sua atitude não é humana. Ao contrário alguém pode discordar de uma orientação e não cumpri-la, mantendo-se, entretanto, fiel ao espírito do diálogo. A obediência crítica e amorosa propõe a colaboração mútua no lugar da competição e contém um elemento subversivo à mesquinhez do mundo.
De fato, no decorrer da história, a humanidade tem progredido mais pela ação de pessoas que ousam desafiar as leis e inovar os costumes do que através daquelas que simplesmente seguem caminhos convencionais. Os grandes líderes espirituais da humanidade foram pessoas que romperam com o sistema e, para exercer sua profecia, ousaram desobedecer a autoridades constituídas e a leis vigentes.
A sociedade considera "objeção de consciência” a atitude de quem, por convicção religiosa, social ou política, se nega a pegar em armas e a participar de guerras e atos violentos. Homens e mulheres, admirados no mundo inteiro, alguns até premiados com o Nobel da Paz, em seus países, foram considerados como rebeldes e desobedientes. Para os budistas tibetanos, Sua Santidade, o Dalai Lama, é a 14a reencarnação do Buda da Compaixão, mas, para o governo chinês, é um dissidente, desobediente às leis. O prêmio Nobel da Paz foi dado a dois latino-americanos ilustres: a Rigoberta Menchu, índia maya que viveu anos sem poder voltar à Guatemala para não ser assassinada e a Adolfo Perez Esquivel, advogado que, durante anos, era constantemente ameaçado de prisão na Argentina. No Brasil da ditadura militar, Dom Hélder Câmara, era escutado no mundo inteiro, enquanto, em nosso país, os meios de comunicação não podiam divulgar nada que falasse em seu nome. No passado, Gandhi e Martin Luther King foram presos e condenados como desobedientes às leis oficiais. Para os católicos, os mártires são testemunhas da fé. Muitos foram condenados à morte por se negar a reconhecer o imperador como divino; Outros foram mortos por se negarem a pegar em armas. Do ponto de vista da fé, são heróis, mas a sociedade da época os condenou como desrespeitadores das leis e criminosos.
Objetar é opor-se a cumprir uma lei que fere a nossa consciência. A violência, seja cometida por uma pessoa individual, seja institucional, ou cometida pelo Estado, nunca construirá um mundo de paz e justiça.
Há objeção de consciência quando a pessoa se nega a cumprir ordens antiéticas. Em alguns países, cidadãos exigem saber a destinação exata do pagamento de seus impostos. E não aceitam pagar impostos se o dinheiro for aplicado em sociedades que fabricam armas ou investem em negócios anti-éticos. Em todo o mundo, há consumidores que não compram carne de fazendas que destroem florestas e dizimam a natureza.
Se a objeção de consciência é direito de toda pessoa diante do poder social e político, com maior razão ainda, as religiões e Igrejas deveriam reconhecer um direito à dissidência e à objeção de consciência diante de um poder religioso autoritário ou, por qualquer razão, injusto. Conforme a Bíblia, quando as autoridades de Jerusalém proibiram os apóstolos a falar no nome de Jesus, estes responderam: "Entre obedecer a Deus e aos homens, é melhor obedecer a Deus. Por isso, nós desobedecemos a vocês”(At 5, 29).

Fez-se vingança, não justiça - Leonardo Boff

Fez-se vingança, não justiça - Leonardo Boff


Alguém precisa ser inimigo de si mesmo, e contrário aos valores humanitários mínimos, se aprovasse o nefasto crime do terrorismo da Al Qaeda do 11 de novembro de 2001, em Nova Iorque. Mas é por todos os títulos inaceitável que um Estado, militarmente o mais poderoso do mundo, para responder ao terrorismo se tenha transformado, ele mesmo, num Estado terrorista. Foi o que fez Bush, limitando a democracia e suspendendo a vigência incondicional de alguns direitos, que eram apanágio do país. Fez mais, conduziu duas guerras, contra o Afeganistão e contra o Irã, onde devastou uma das culturas mais antigas da humanidade na qual foram mortos mais de cem mil pessoas e mais de um milhão de deslocados.
Cabe renovar a pergunta que quase a ninguém interessa colocar: por que se produziram tais atos terroristas? O bispo Robert Bowman, de Melbourne Beach da Flórida, que fora anteriormente piloto de caças militares durante a guerra do Vietnã respondeu, claramente, no National Catholic Reporter, numa carta aberta ao Presidente: ”Somos alvo de terroristas porque, em boa parte no mundo, nosso Governo defende a ditadura, a escravidão e a exploração humana. Somos alvos de terroristas porque nos odeiam. E nos odeiam porque nosso Governo faz coisas odiosas”.
Não disse outra coisa Richard Clarke, responsável contra o terrorismo da Casa Branca numa entrevista a Jorge Pontual emitida pela Globonews de 28/02/2010 e repetida no dia 03/05/2011. Havia advertido à CIA e ao Presidente Bush que um ataque da Al Qaeda era iminente em Nova York. Não lhe deram ouvidos. Logo em seguida ocorreu, o que o encheu de raiva. Essa raiva aumentou contra o Governo quando viu que com mentiras e falsidades Bush, por pura vontade imperial de manter a hegemonia mundial, decretou uma guerra contra o Iraque que não tinha conexão nenhuma com o 11 de setembro. A raiva chegou a um ponto que por saúde e decência se demitiu do cargo.
Mais contundente foi Chalmers Johnson, um dos principais analistas da CIA, também numa entrevista ao mesmo jornalista no dia 2 de maio do corrente ano na Globonews. Conheceu por dentro os malefícios que as mais de 800 bases militares norte-americanas produzem, espalhadas pelo mundo todo, pois evocam raiva e revolta nas populações, caldo para o terrorismo. Cita o livro de Eduardo Galeano "As veias abertas da América Latina” para ilustrar as barbaridades que os órgãos de Inteligência norte-americanos por aqui fizeram. Denuncia o caráter imperial dos Governos, fundado no uso da inteligência que recomenda golpes de Estado, organiza assassinato de líderes e ensina a torturar. Em protesto, se demitiu e foi ser professor de história na Universidade da Califórnia. Escreveu três tomos "Blowback” (retaliação) onde previa, por poucos meses de antecedência, as retaliações contra a prepotência norte-americana no mundo. Foi tido como o profeta de 11 de setembro. Este é o pano de fundo para entendermos a atual situação que culminou com a execução criminosa de Osama Bin Laden.
Os órgãos de inteligência norte-americanos são uns fracassados. Por dez anos vasculharam o mundo para caçar Bin Laden. Nada conseguiram. Só usando um método imoral, a tortura de um mensageiro de Bin Laden, conseguiram chegar ao seu esconderijo. Portanto, não tiveram mérito próprio nenhum.
Tudo nessa caçada está sob o signo da imoralidade, da vergonha e do crime. Primeiramente, o Presidente Barack Obama, como se fosse um "deus” determinou a execução/matança de Bin Laden. Isso vai contra o princípio ético universal de "não matar” e dos acordos internacionais que prescrevem a prisão, o julgamento e a punição do acusado. Assim se fez com Hussein do Iraque, com os criminosos nazistas em Nürenberg, com Eichmann, em Israel e com outros acusados. Com Bin Laden se preferiu a execução intencionada, crime pelo qual Barack Obama deverá um dia responder. Depois se invadiu território do Paquistão, sem qualquer aviso prévio da operação. Em seguida, se seqüestrou o cadáver e o lançaram ao mar, crime contra a piedade familiar, direito que cada família tem de enterrar seus mortos, criminosos ou não, pois por piores que sejam, nunca deixam de ser humanos.
Não se fez justiça. Praticou-se a vingança, sempre condenável. ”Minha é a vingança” diz o Deus das escrituras das três religiões abraâmicas. Agora estaremos sob o poder de um Imperador sobre quem pesa a acusação de assassinato. E a necrofilia das multidões nos diminui e nos envergonha a todos.

O que é Política

Neste Vídeo podemos compreender um pouco sobre a realidade política praticada em nosso país. Ser uma pessoa política não implica ser um corrupto ou um praticante de politicagem.

terça-feira, 10 de maio de 2011

No Caminho de Emaús

No Caminho de Emaús
Abrir os olhos
Ele está no meu de nós!
Lucas 25, 13-35

Texto extraído do livro “O avesso é lado certo – Círculos Bíblicos sobre o Evangelho de Lucas” – dos autores Carlos Mesters e Mercedes Lopes.

1.      De que estavam falando pelo caminho?
Duas pessoas andando pela estrada. Desanimadas. Tristes! Estavam indo na direção contrária. Fugindo. Buscando. Imagem de ontem e de hoje. Imagem de todos nós. No ano de 85, muitos discípulos e discípulas andavam pelo caminho, tristes, desanimados, sem saber se estavam no caminho certo. No ano de 1998, parece que a cruz ficou maior e mais pesada. O desemprego, a violência, a droga, a falta de atenção séria à saúde e à educação, a falta de dinheiro, as dívidas... o desespero. Sentimo-nos impotentes frente à corrupção que desvia fundos dos cofres públicos, ou frente à má administração que deixa o povo no desamparo. O sistema neoliberal vai gerando cada dia mais exclusões de indivíduos, grupos e países. Parece que vivemos em um caos, em uma situação sem saída. Temos a impressão de estarmos caminhando ladeira abaixo, para o pior.

2. Tinham os olhos vendados
A experiência da morte de Jesus tinha sido tão dolorosa que eles perderam o sentido de viver em comunidade, abandonaram o grupo de discípulos e discípulas. Sentiram-se impotentes diante do poder que matou Jesus e procuraram salvar pelo menos a própria pele. Sua frustração era tão grande, que nem reconheceram Jesus, quando este se aproximou e passou a caminhar com eles (24,15). Tinham um esquema rígido de interpretação sobre o Messias, e não puderam ver a salvação de Deus entrando em suas vidas. Algumas discípulas tentaram ajudar os companheiros a perceber que Jesus estava vivo (24,22-23). Mas eles se recusaram a acreditar (24,24). Esta notícia era por demais surpreendente. Era o mesmo que dizer que Jesus era o vencedor do caos e da morte. Só podia ser fantasia, sonho, delírio de mulheres (24,11). Impossível acreditar! Quando a dor e a indignação pegam forte, há pessoas que ficam depressivas, desesperadas. Outras se tornam coléricas e amargas. Algumas invocam o fim do mundo com catástrofes que vão tirar os maus da face da terra. Outras buscam evadir-se numa oração sem compromisso social e político. Mas nenhuma dessas posturas ajuda a abrir os olhos e analisar a situação com fé lúcida e responsável, capaz de inventar saídas para esta situação aparentemente sem saída.

3. A Bíblia esquentou o coração, mas não abriu os olhos
Caminhando com eles, sem eles se darem conta, Jesus fazia perguntas. Escutava as respostas com interesse. Dessa maneira, obrigava-os a irem fundo no motivo da sua tristeza e fuga. Procurava fazê-los expressar a frustração que sentiam. Depois, ia iluminando a situação com palavras da Escritura. Procurava situas os discípulos na história do povo, para que pudessem entender o momento que estavam vivendo. Foi uma experiência apaixonante. Mais tarde, eles iriam fazer uma reflexão e perceber que o coração deles ardia, quando Jesus lhes explicava as Escrituras pelo caminho (24,32). Mas a explicação que Jesus dava a partir das Escrituras não conseguiu abrir os olhos dos discípulos.

4. Eles o reconheceram na partilha do pão
Caminhando com Jesus, os discípulos sentiram o coração arder. Cresceu dentro deles uma atitude de acolhida: “Fica conosco! Cai a tarde e o dia já declina!” (24,29). Foi só então que a partilha aconteceu. Partilha de vida, de oração e de pão. Partilha que abriu os olhos e provocou a mais importante descoberta da fé: ele está vivo, no meio de nós! (24,30-31). Esta descoberta lhes deu forças para voltar a Jerusalém, mesmo de noite. Tinham pressa de partilhar com os outros a descoberta que os fez renascer e ter coragem para enfrentar o poder da morte. Sim, Jesus era de fato o vencedor do caos e da morte! Não era fantasia das mulheres. Era uma realidade escondida, misteriosa, que só pode ser descoberta por quem aprende a partilhar, a se entregar, a sair do círculo vicioso dos interesses egoístas, para lutar junto com os outros pela vida de todos. Quando seus olhos se abriram, livres das trevas e travas por poder dominante, puderam descobrir a morte de Jesus como expressão máxima de um amor sem limites. Amor que tem sua origem no Pai cheio de ternura, gerador incansável da vida. Amor que tomou carne em Jesus de Nazaré para visitar e redimir a humanidade. Amor que se mantém fiel até ao extremo de dar a própria vida, para que todos tenham vida (Jo 10,10). Amor que foi confirmado pelo Pai, quando ressuscitou Jesus da morte.

5. Renascer para uma nova esperança
Esta experiência fez os discípulos renascerem para uma nova esperança. Ao redor de Jesus vivo, eles se uniram de novo e assumiram o projeto de vida para todos. A esperança é como um motor que leva a acreditar nos outros e a inventar práticas de fé. Com a esperança renovada, aquilo que parecia uma total impossibilidade passou a ter um novo significado para eles. Perderam o medo, superaram a experiência de incapacidade e de impotência. Deixaram de lado o negativismo derrotista e voltaram, em plena noite, como se fosse de dia. Voltaram para recomeçar, para reconstruir a comunidade, expressão, sinal e sacramento da presença de Jesus Ressuscitado.

6. Refazer hoje a experiência do caminho de Emaús
Desafiados pela atual conjuntura, somos chamados a viver hoje a experiência de Emaús e descobrir, na partilha solidária, a presença de Deus no meio de nós. Como comunidade de fé, somos chamados a reconstruir, no diálogo, na abertura e na acolhida, o projeto de Jesus, pelo qual ele entregou sua própria vida. A solidariedade leva à descoberta da força libertadora de Deus na história. Com olhar lúcido e criativo procuraremos expressar esta fé numa solidariedade bem concreta e articulada, seja a nível de grupo, de bairro ou de cidade. Dizer articulada quer dizer que esta ação solidária deve ser comunitária. Só assim será de fato sinal do Reino e poderá intervir em favor da vida, da vida indefesa dos pobres, os preferidos de Jesus.